Caldeirão dos mitos (Bráulio Tavares)
Eu vi o céu à meia-noite
Se avermelhando num clarão
Como incêndio anunciado
No apocalipse de São João
Porém não era nada disso
Era um Curisco, era um Lampião.
Eu vi um risco nos espaços
Era um revôo de um sanhaçu
Eu vi o dia amanhecendo
No ronco do maracatu
Não era lança de São Jorge
Era o espinho do mandacaru.
Vi um profeta conduzindo
Pros arraiais as multidões
Pra construir um chão sagrado
Com espingardas e facões
Não foi Moisés na Palestina
Foi Conselheiro andando nos sertões.
Eu ouvi um som na escadaria
Dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó
Não era o eco das trombetas de Josué em Jericó
Era um fole de oito baixos
A tocar numa noite de forró.
Vi um magrelo amarelado
Passando a perna no patrão
Não foi ninguém da Inglaterra
Nem de Paris, nem do Japão
Era o Pedro Malazarte, era João Grilo e era Cancão.
Eu vi um som ao meio-dia
No mei' do chão do Ceará
Não era o coro dos arcanjos
Nem era a voz de Jeová
Era uma cascavel armando o bote
Balançando o maracá.
Vi uma mão fazer o barro
Um homem forte, um homem nu
Um homem branco como eu
Um homem preto como tu
Porém não foi a mão de Deus
Foi Vitalino de Caruaru
Porém não foi a mão de Deus
Foi Vitalino de Caruaru
Porém não foi a mão de Deus
Foi Vitalino de Caruaru.
"Elba Ramalho:"... :
Êta forró gostoso
Segura o folê, arredias
Deixa a poeira subir que desse jeito
Eu vou até amanhã de manhã
Ô meu Deus
Vixe Maria
Ô menino, oxente
Agarradinho desse jeito não
Fonte: Musixmatch.
Compositores: Bráulio Fernandes Tavares Neto.
Letra de Caldeirão dos mitos © Universal Mus. Publishing Mgb Brasil Ltd, Dosol
.
...
***